quinta-feira, 26 de março de 2020


Hoje vamos falar sobre “O que é a meditação”?

Meditar é esvaziar a mente. Em busca do autoconhecimento, o não-fazer nos prepara para o que deve ser feito.

·      7 benefícios da meditação para sua vida
Por: Luciana Reis
Muitas tarefas a fazer, muitas responsabilidades para cuidar e muitos problemas aparecendo já se tornaram questões comuns em nosso dia a dia. Mas será que aguentamos muito mais tempo essa correria? Ou precisamos urgente de uma saída para viver com equilíbrio?
A meditação, mesmo sendo uma prática oriental milenar, há pouco tempo vem chamando a atenção dos ocidentais que vivem hoje em um ritmo cotidiano acelerado. Ela tem exatamente essa proposta: ser um ponto de reflexão, reconexão e limpeza interior que farão sua vida ser mais equilibrada todos os dias.
01) Meditar equilibra seu organismo
A prática meditativa diminui a tensão e relaxa mais o nosso corpo, o que consequentemente nos faz ter um sono melhor. O simples fato de controlar a respiração, como é feito na prática, é o que regula mais nossos impulsos nervosos e faz com que todo o corpo se equilibre. Além de melhorar o sono, os ganhos podem ir além e ajudar em nossa saúde, já que esse controle ajuda a diminuir o stress, a ansiedade, o nervosismo e outros sentimentos impulsivos que temos.
02) Meditar te deixa mais moderado
Falando em ser impulsivo, a prática da meditação também te torna mais moderado. A habilidade que ela nos traz de centrarmos mais nossos pensamentos e controlarmos impulsos faz com que não sejamos tão assediados pelos desejos e vontades diárias, podendo até nos ajudar a emagrecer ou controlar melhor nossa vida financeira.
03) Meditar equilibra o seu ritmo
Essa é a parte que chamamos de “ficar mais Zen”. Para aqueles que são bem agitados ou estão sempre fazendo atividades, a meditação traz o equilíbrio de não precisarmos correr com nossas tarefas, nos atrasarmos sempre ou fazer tudo sob pressão. Ela nos centra em nossas atividades diárias, dando mais foco, tirando a ansiedade dos pensamentos e fazendo com que tudo se resolva em um tempo mais ideal.
04) Meditar melhora seus relacionamentos
Por nos deixar mais equilibrados nos pontos anteriores, a meditação nos traz também uma reflexão mais leve, não tão conturbada com tantos pensamentos ou julgamentos mentais. Diminuindo o ritmo de pensamentos, podemos responder a atitudes de outras pessoas de forma mais racional e resolver problemas de maneira mais simples. Conseguimos respeitar mais as ideias alheias também. As pessoas ao nosso redor sentem essa diferença, o que harmoniza nossos relacionamentos ou conversas que temos ao longo de nossos dias.
05) Meditar te faz ouvir mais a si mesmo
A autorreflexão é um dos grandes ganhos da meditação. É possível entender mais o que se passa dentro de você e ouvir mais aquela vozinha interna que só quer o seu bem. A vozinha, muitas vezes chamada de intuição, nos faz tomar atitudes mais conscientes e equilibrar nossas decisões, o que causa uma grande melhoria em diversos aspectos de nossas vidas.
06) Meditar ajuda a entender mais sua vida
Entendendo mais a si mesmo, entender o que acontece em sua vida se torna ainda mais simples. Acontecimentos e imprevistos se tornam cada vez mais conectados e conseguimos perceber quais atitudes nossas nos levam a resultados ruins ou resultados bons. Faz também percebermos que é possível controlar mais esses acontecimentos em nossas vidas, alinhando as nossas intenções verdadeiras e puras com o que acontece ao nosso redor.
07) Meditar te conecta com seu ser interior
Por fim, a meditação te conecta a algo maior. Te faz estar mais alinhado a seus propósitos mais profundos de vida e te motiva a seguir um caminho pacífico e que beneficia não só a você, mas ao mundo ao seu redor também. Apesar de parecer uma prática simples, essa conexão eleva seu ser e você pode sentir energias boas fluindo dentro de você, o que te mantém em harmonia com a vida.
Praticar meditação vai além de só relaxar ou se equilibrar. É uma atividade que pode fazer parte de sua vida agora, sem precisar de muitas técnicas para ser realizada, e melhorar diversos aspectos que vão te trazer mais felicidade, paz, harmonia, equilíbrio e conexão.

Grande abraço de luz a todos - Patricia Bittencourt

domingo, 22 de março de 2020

Dez conselhos de uma monja de clausura para viver na “cela” de casa



Sabem de confinamento e reclusão mais do que ninguém: as carmelitas descalças de Cádiz oferecem os seus conselhos baseados na sua experiência de vida aos que, agora, se veem obrigados a ficar em casa.

1. Atitude de liberdade
O mais importante é a atitude com que se vive, a interpretação pessoal que se faz da situação, a consciência de que não se trata de uma derrota. Paradoxalmente, esta pode ser uma oportunidade para descobrir a maior e mais genuína liberdade: a liberdade interior que ninguém pode tirar, e que procede da própria pessoa. Num contexto em que as autoridades “obrigam” a estar em casa, a liberdade consiste na adesão voluntária, sabendo que é por um bem superior. É livre aquele que tem a capacidade de assumir a situação porque quer fazer o correto. Não se está encerrado em casa, antes, optou-se por nela permanecer “livremente”.

2. Paz onde a alma se amplia
Olhe para dentro de si próprio, o espaço mais amplo para a pessoa se expandir e ser feliz está no seu coração. Não são necessários espaços exteriores, mas andar folgadamente no próprio mundo. Dê asas à criatividade, escute as suas próprias inspirações, e encontre a beleza de que é capaz. Talvez ainda não tenha descoberto que da paz da alma brota vida… a vida é criação de mais vida, comunicação de alegria e amor. Quando se acostumar a viver em si, já não quererá sair.

3. Não se descuide, a paz requer trabalho
Exercite virtudes que requerem concentração e autoconhecimento, essas que normalmente se descuidam quando se está ocupado nos mil e um afazeres “externos”. De como se encara as próprias emoções e pensamentos, da gestão dos sentidos e paixões, depende se se vive no céu ou no inferno. Observe-se e domine-se, porque se se deixar levar pelo medo, pela tristeza ou pela apatia, dificilmente se sairá delas, já que não há muitas evasões. Exerça disciplina sobre o seu coração: quando algum pensamento não lhe fizer bem, rejeite-o. Procure inclinar-se para tudo aquilo que note que lhe dá paz e alegria... a harmonia tem de trabalhar-se.

4. Ame
A questão de fogo destes dias será a convivência. Perante a crise causada pela pandemia as pessoas ficam mais suscetíveis e, inclusive, irritáveis. É preciso ser-se muito paciente e usar muito o senso comum. Somos diferentes, cada qual tem uma sensibilidade distinta por múltiplas circunstâncias. Aceite e respeite as opiniões e sentimentos dos outros. É muito normal, quando se está em casa, a tendência para querer controlar tudo… Procure não o fazer, seria causa de muitos conflitos e frustrações. Não dê importância às diferenças, potencie as coisas que unem. O único terreno que realmente lhe pertence é a sua própria pessoa: os seus pensamentos, palavras e emoções; não controle, controle-se. A partir do amor extrairá compreensão e empatia, vontade de dar e agradecimento ao receber. Respeite, acolha a fragilidade, desdramatize, viva e deixe viver.

5. Não mate o tempo
Nada poderá criar-lhe uma sensação tão grande de vazio e fastio como passar o tempo inutilmente. É um inimigo gravíssimo que lhe poderá roubar a paz, e até colocá-la em depressão. Faça um plano para estes dias, e tente vivê-lo com disciplina. Descanso e ocupação não são antagónicos, aproveite para descansar realizando atividades que a relaxem ou que estimulem um ânimo positivo. Dê tempo nas coisas simples: que o grão-de-bico se torne tenro, que o assado demore a ficar cozinhado… temos tempo! Mesmo que um guisado lhe leve duas horas, desfrute de o fazer, e empenhe-se em que as coisas que faz, por simples que sejam, tenham valor e uma finalidade. Nada de perder tempo sem sentido, “matar o tempo” é matar a vida.

6. Alargue as suas fronteiras
Quantas vezes se deixou de fazer o que se devia por falta de tempo. Pois bem, agora temo-lo! Esse livro que lhe ofereceram há três anos e que não leu, aquele que ainda não devolveu porque ficou pela metade. Se gosta de música, procure novos artistas, descubra novos géneros. Apetece-lhe uma viagem? Pense num país exótico e aprenda sobre a sua cultura e tradições… temos internet também para isso. Se é pessoa de fé e oração, talvez não saiba o que rezar porque já esgotou tudo o que sabia. Por que não experimenta a liturgia das horas? Descarregue-a no seu telemóvel; procure os escritos de algum santo, seguramente vai encontrar muitas coisas que lhe encherão a alma de novas luzes. Não se conforme com o que conhece e sabe… agora que há oportunidade, abra-se a novidades que lhe acrescentem sabedoria e a encham de alegria.

7. Para as mais sensíveis
Nem todos dominam as emoções de igual maneira. Haverá pessoas para quem, pela sua psicologia, lhes custará muito mais este confinamento do que a outras. As emoções não só provêm do interior; também aquilo que se vê, escuta, toca, etc. influencia. Por isso, é preciso ser-se seletivo com aquilo que se recebe do exterior, para evitar entrar em círculos viciosos que envolvam em desespero ou façam perder o controlo. Evite-se, na medida do possível: conversas pessimistas, discussões, más caras, excesso de informação, filmes de terror ou intriga, desordem dentro de casa. Como não há muitas evasões que façam mudar de “chip”, tudo o que entra no cérebro nele permanecerá mais tempo do que o habitual; por isso, é preciso ter cuidado para não se ficar obcecado, ou permitir aninhar uma emotividade negativa no interior. O excesso de ecrãs também é mau porque estimula em demasia e o cérebro, e provoca mais nervosismo. Há que dormir bem, mas em excesso pode causar a sensação de fracasso ou derrota. Um remédio muito bom para canalizar a energia e relaxar é dançar. Ponha boa música e divirta-se a dançar. Nada como rir e divertir-se para reiniciar o sistema interior.

8. Não está isolada
É importante compreender que não há motivo para se sentir só, pois não se está. O amor e o carinho dos teus continua, mesmo que o contacto físico se tenha distanciado. Esta é uma oportunidade para viver a comunicação a um nível mais profundo, mais íntimo. Fale com quem está em casa com tranquilidade, sem pressas, escute-os até que terminem, deixe que o diálogo faça crescer a confiança e as confidências construam cumplicidade. Diga aquilo que nunca tem tempo de dizer, conte o que sempre quis contar, fale de tudo e de nada, mas com carinho, que é o que chega à alma e nela se aninha. Responda àquela mensagem de Natal que não agradeceu, a carta que a emocionou e à qual estava a preparar uma resposta, àquele “e-mail” de uma velha amizade. Procure palavras com beleza, tente dar expressão aos seus sentimentos mais nobres… Fale com o coração e crie laços muito mais profundos com os seus. Descobrirá que a distância não é ausência.

9. Dia de reflexão
Para não se angustiar, também é conveniente procurar momentos de silêncio e solidão. Na organização do tempo para estes dias, inclua espaços de “oxigenação” individual. Quantas pessoas já alguma vez disseram: «Como gostaria de me retirar alguns dias para um mosteiro». Pois bem, a ocasião está aqui, em casa. Habitualmente as pessoas cansam-se por causa da aceleração das suas horas, como se a rotina diária não desse tempo para assimilar o que se vive. Esperamos mudanças substanciais na sociedade, «isto não pode continuar assim». Agora temos esta oportunidade para nos metermos num casulo como a lagarta que se converte em borboleta. Reflita, pense, medite… Que posso mudar em mim para ser melhor depois destes dias?... A separação das coisas que normalmente temos entre mãos ajudará a ver se realmente se está a pôr o acento naquelas que importam, em vez daquelas que podem ser secundarizadas, quais são as insubstituíveis, etc. Um bom discernimento para melhorar fará com que estes dias sejam de muito proveito. Homens e mulheres novos depois desta crise.

10. Reze
Só a oração (que é o vínculo de amizade com Deus) pode sustentar a vida em todas as situações, especialmente nas adversas. Oração, que como diria Santa Teresa, «ainda que a diga à sobremesa, é o principal». Orar é abrir-se a esse “Outro” que pode sustentar-nos quando se precisa de ajuda; mas também quando se está bem, orar é sustentar outros que precisam. É a experiência mais universal do amor. Ore, fale com Deus, as horasa passarão sem que se dê conta: fale-lhe de tudo, Ele não se cansa de a escutar, desafogue-se com Ele quando necessitar, e, porque não?, deixe que também Ele se desafogue consigo, é o seu Pai, seu Irmão, seu Amigo. Exercite a sua fé e a sua confiança. Se deixou a relação com Deus no vestido da sua primeira comunhão, volte a experimentá-lo, agora há tempo e serenidade para conversar com Ele. Talvez não acredite porque nunca o experimentou. E se tentar?...

In Carmelitas Descalças de Cádiz
Trad.: Rui Jorge Martins
Imagem: TeleMakro Fotografie/Bigstock.com
Publicado em 20.03.2020